talavera de la Reina ES

7 homens. Uma carrinha. Entravam?

Começámos (mais uma vez) fora de horas.  Não sabemos muito bem como tudo se processa assim, mas certo é que por mais que ponhamos o despertador para as 9:00h, às 11:00h ainda não estamos prontos, logo às 12:00h ainda não estamos perto de estar a postos na estrada. Quem nos conhece sabe que somos díspares; um sempre a horas, outro sempre atrasado. Chamamos-lhe carinhosamente de equilíbrio!

Mas ontem, ontem partimos com batota. A família que nos acolheu, não só nos deu tudo o que de melhor tinha, como ainda nos levou a Badajoz. Esta boleia foi iluminada. As boas energias, a satisfação que traziam no coração, abençoaram as boleias seguintes. É que tudo influência a forma como o mundo gira: se no pensamento guardamos o melhor deste, então é mesmo isso que a nós vem.

Não demorou nem 5 minutos. Estávamos já a ser levados para perto de Mérida por uma jovem entusiasmada e de sorriso fácil, feliz por nos ter encontrado. E nós, uma vez mais, gratos por tão boa energia!

Chegados, descemos do seu carro, mochilas às costas e mil sacos nas mãos (é, é que a família hospitaleira de Elvas não nos deixou seguir sem várias refeições de avanço no bolso!). Não tínhamos ainda deslumbrado o que nos rodeava, já estava um carro parado, com os vidros abertos, de onde escutámos um gracioso “Hola!!!“.

Seguiam com direção ao nosso destino, e podiam deixar-nos em Mérida. Perfeito. Apaixonados por Lisboa, sugeriram que trocássemos contactos. Quem sabe um dia, por lá, nos voltemos a ver!

Já em Mérida, a estação de serviço era grande. A nossa fome já apertava (e mais um belo petisco vegetariano nos aguardava!), mas com o desenrolar daquele final de manhã, não ousávamos ver os carros por nós a passar e não esticar o dedo. A excitação era tanta, que nem a mochila descarregávamos.

Não sabemos bem se chegamos a esperar 10 minutos. Mas pararam. 7 homens. Uma carrinha. Casacos verdes. Sorrisos no rosto. Jogadores de futebol 11, jovens e entusiasmados com a nossa presença. Facilmente ali imaginámos ou revimos alguns dos nossos amigos, de caminho para uma jogatana (ou jornada!). “Para donde vas?”, perguntaram uns por cima dos outros! Não hesitámos!! Subimos e seguimos juntos por mais 120km.

Num piscar de olhos, estávamos a 60km do nosso destino: Talavera de la Reina.

Mas depois, depois é que foi. Em pouco mais de 5km, apanhámos mais duas boleias. O tempo já nos começava a fugir das mãos. No entanto o sol brilhava e mantivemo-nos inspirados.

A sétima boleia do dia, não sabemos ainda se bem aceite, tirou-nos de um lugar estratégico, em detrimento de um punhado de quilómetros de avanço. Deixámo-nos iludir pelo sentimento de estar mais perto de um novo lar e pela simpatia do condutor. Ainda assim, de lá, nunca saberíamos o que seria melhor.

Passaram-se depois várias horas. O sol já se queria esconder. A neve deixava-se avistar ao fundo, no cimo das montanhas. Os nossos narizes já revelavam o frio que sentíamos, vermelhos e a pingar. Os carros que avistávamos eram poucos, e de tempo a tempo.

Pensámos nós, horas antes, que chegaríamos rápido ao nosso novo destino. Mas andar à boleia é mesmo assim.

Calma. Paciência. Resistência. Tolerância.

Precaução.

Todos os carros que avistavamos na estrada em que estavamos, eram carros bons, carros caros. Não sabemos bem o que era o que nos corria pela alma, talvez descriminação seja uma palavra forte demais, mas deixavamos que a riqueza aparente dos que por nós passavam, nos deixassem discrentes. Passaram várias horas e ninguém parava. Ninguém.

Conversámos. Sorrimos. Fartámo-nos. Brincámos.  Respirámos. Tocámos armónica.

Tudo. E o tempo passava. Quando, de repente, vimos um Porche parar. Sim, um Porche Cayene. Lindo, por fora e por dentro!

Eis que sai um Senhor, cavalheiro, calmo e repleto de cortesia. Ofereceu-se para nos ajudar, e acreditem, pareciamos já sabe-se lá o quê: gelados, com gorros, capuzes postos, luvas, casacos, sacos, mochilões, mochilas pequenas, enfim. Uma catrefada de tralhas. Com a nossa, nova e humilde, casa às costas.

E assim chegámos. Despidos de prejulgamentos. Cheios de amor!

Talavera de la Reina, em Espanha, consagrou-se assim a primeira paragem além-fronteiras. Aqui, encontrámos uma nova família. Tão querida quanto posseis imaginar!

A aproximadamente 600km de casa, com 15 boleias, mantemo-nos unidos. Felizes!

E sabem, nem tudo o que parece, é.

IMG_6514 (2).JPG

 IMG_6550

11 thoughts on “talavera de la Reina ES

  1. Feliz por vos encontrar felizes…passo a redondância 😜. Aproveitem para fazer geocaching, devem encontrar umas caches lindas.beijinho grande e sejam ainda mais felizes

    Gostar

  2. Olá, Primo Tiago e Joana.
    Fico muito feliz por saber que a vossa aventura esta a correr bem. Mas o meu coração está sempre apertadinho, só fico mais descansada quando recebo noticias vossas. Afinal parece que foi ontem que o meu tio veio dar a noticia que tinha nascido e o fui ver ao hospital, um bebé lindo, que ajudei muitas vezes a dar de comer, mudar fraldas, banhos, brincadeiras, etc.. Como o tempo passa e agora aí vais dar a volta ao mundo. Estás sempre presente na minha vida. Fiquem bem os dois e tenham muito cuidado e sejam muito felizes. Já sabem se precisarem de alguma coisa que possa ajudar estamos Cá. Beijocas e saudades do tamanho do mundo, desta tua sempre amiga e prima Rita Conde.

    Gostar

    1. Muito obrigado por todo o apoio! levamos um bocadinho de todos aqueles que gostam de nós nesta viagem e essa força tem-nos feito conhecer boas pessoas que iluminam o nosso caminho! tudo de bom para vocês! um beijinho do primo pequeno que já é grande 🙂

      Gostar

Deixe um comentário